Salário de professores com nível superior é 30% menor que de profissionais com a mesma escolaridade
A valorização de quem está à frente da sala de aula deveria ser o carro-chefe da educação, mas se tornou um dos maiores desafios do país. Um dos principais sintomas da falta dela é o salário de quem dedica a vida a estabelecer os alicerces sobre os quais se formarão outros profissionais. Estudo do Movimento Todos pela Educação mostra que um professor do ensino básico formado em nível superior ganha, em média, 30% menos que outro profissional com a mesma escolaridade. Pior: mudar esse cenário e equiparar as condições de remuneração parece longe da realidade. Isso porque seria necessário, segundo a mesma organização, um investimento de pelo menos 43% nessa etapa escolar, que vai do ensino infantil ao médio. E o país dá cada vez mais sinais de que não falta estímulo e reconhecimento apenas a quem ensina, mas também a quem se forma. Estudo da Fundação Getúlio Vargas revela que o tipo de estabelecimento onde se cursou o nível médio e a graduação será determinante para rebaixar ou elevar os vencimentos de profissionais – disparidade que pode superar os 100% e que persiste mesmo entre profissionais que se formaram igualmente em universidades federais.
Mais grave que o diagnóstico talvez seja a projeção sobre essas desigualdades. Mal de saúde em termos econômicos, o país dificilmente terá recursos para investir o tanto que deveria no setor, conforme destaca o coordenador de projetos do Movimento Todos pela Educação, Caio Callegari. Ele explica que o pagamento do educador responde pela principal fatia do gasto em educação. Em 2018, o rendimento médio dos professores da educação básica com curso superior correspondia a 69,8% do salário médio dos profissionais de outras áreas com o mesmo nível de escolaridade. Enquanto a média salarial de quem ensina foi de R$ 3.823 no ano passado, a do conjunto dos trabalhadores brasileiros graduados ficou em R$ 5.477, segundo o Anuário Brasileiro da Educação 2019 . Ao se comparar o salário médio dos profissionais de áreas de exatas ou saúde, a defasagem é de 50%.