Mecanismos de comercialização pautam reunião da Câmara do Arroz na Abertura da Colheita
A 28ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que começou nesta quarta-feira, dia 21 de fevereiro, abriu espaço para mais uma edição da Câmara Setorial do Arroz. O setor produtivo, reunido na Estação Experimental do Arroz, do Irga, em Cachoeirinha, discutiu instrumentos de comercialização do governo federal, por intermédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A instituição é responsável por operacionalizar o Prêmio para Escoamento e Produto (PEP) e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro). Além da Conab, o encontro contou com representantes da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e da Federação de Agricultura do Estado (Farsul).
As políticas da Conab foram apresentadas pelo gerente de operações da instituição, Allan Silveira dos Santos. Dois leilões serão realizados nesta quinta-feira, dia 22 de fevereiro, às 10h, com um volume de oferta de 150 mil toneladas, das quais 135 mil são referentes ao Rio Grande do Sul. As operações podem ser acompanhadas no site da Conab. A previsão é de que o próximo leilão ocorra daqui a 15 dias. Dependendo dos resultados desta quinta, as operações poderão ser repetidas em até uma semana. Uma das novidades é que, a partir de agora, a Conab não recebe mais documentos físicos. Os encaminhamentos dos produtores à instituição devem ser entregues on-line.
O gerente de produtos agropecuários da Conab, Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior, apresentou a conjuntura do mercado nacional e internacional da produção orizícola. Santos destacou que as realidades econômicas da produção de arroz são opostas. Se, de um lado, o Brasil apresenta um forte viés de baixa, de outro, o cenário externo demonstra um panorama de alta. O representante da Conab destacou a importância da China, o retorno da Índia ao mercado internacional e a forte redução produtiva atrelada à redução de área dos Estados Unidos. Em relação ao Mercosul, Santos afirmou que o Paraguai tem o Brasil como principal mercado, uma vez que apresenta flexibilidade de preço. Santos encerrou a participação na reunião da Câmara Setorial do Arroz de forma positiva. “Acredito que a safra 2017/2018 seja de alta tranquilidade para o arroz”, observou.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, fez três pedidos à Câmara Setorial Nacional do Arroz. Um deles foi a adoção de parâmetros para aspectos de mercado como, por exemplo, para a tomada de preços, que de certa forma envolve preço mínimo, apoio às fiscalizações de fronteira e solicitação para que o governo reflita sobre a necessidade de uma renegociação do endividamento ao setor produtivo. Dornelles destacou o grave momento em que vive o setor arrozeiro e ainda com previsões de redução de safra para o próximo período e forte aumento de custos.
O dirigente também lembrou a entrada do arroz paraguaio no país em 2017. “Como vamos resolver esta questão? Será que só o preço mínimo é o problema? Isto está nos levando a um desmantelamento de mercado, e a minha principal crítica é para a fiscalização, que não ocorre de forma adequada porque também tem muito arroz brasileiro fora de especificação”, colocou Dornelles, salientando que a Federarroz acredita que somente judicializando é que será possível salvar algo.
Dornelles observou que a entidade está denunciando práticas lesivas do setor privado ao produtor. “Nós não temos a menor dúvida de que, infelizmente, o arroz importado está degradando o nosso mercado, apesar de todo o esforço que o produtor faz para obter mecanismos de comercialização”, enfatizou.
O diretor-técnico do Irga, Maurício Fischer, informou que o Rio Grande do Sul apresentou uma redução de 28 mil hectares na área cultivada de arroz. Em relação à safra anterior, os produtores optaram pela redução da cultivar Irga 424 RI. Já o presidente da Câmara, Daire Coutinho, aproveitou a reunião para homenagear o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, recentemente falecido. De acordo com Coutinho, “Sperotto foi uma uma perda importante e irreparável”. A próxima reunião da Câmara Setorial do Arroz será realizada dia 17 de abril, em Brasília.
Texto: Marcelo Machado e Rejane Costa/AgroEffective