Conta de luz pesa no bolso dos brasileiros: entre 2014 e 2017 acumulou uma alta de 31,5%
A conta de luz tem pesado cada vez mais no bolso dos brasileiros. Entre 2014 e 2017, a tarifa média dos consumidores residenciais acumula alta média 31,5% no País, e a estimativa é de que, ao final de 2018, o aumento acumulado chegue a 44%. É o que mostra um levantamento da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).
O encarecimento da conta de luz nos últimos quatro anos superou a inflação acumulada no período, de 28,86%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na terça-feira (06), o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino, declarou que o patamar da tarifa de energia está em um nível preocupante.
“Isso [encarecimento das contas de luz] de fato nos incomoda também, e acho que a todos, às distribuidoras, aos consumidores, ao regulador, porque o valor da tarifa está assumindo um patamar muito preocupante”, disse. De acordo com a Abrace, o aumento no custo de produção da energia, devido ao uso mais intenso de termelétricas, e os subsídios embutidos nas tarifas, são as razões para a alta das contas de luz.
O maior reajuste no período ocorreu na Região Norte, onde as contas de luz acumulam alta média de 44,04%. Em seguida, vem o Centro-Oeste, com 41,09%, e o Nordeste, com 33,09%. As regiões Sul (28,09%) e Sudeste (30,5%) registraram os menores aumentos. Dados do IBGE mostram que, em 2017, os Estados do Norte e Nordeste tiveram a pior renda per capita do País. Enquanto a média nacional foi de R$ 1.268, o único Estado das duas regiões onde a renda superou R$ 1.000 foi o Pará (R$ 1.006). No Sul e Sudeste, a renda média por morador supera R$ 1.200 em todos os Estados.
Segundo o coordenador de Energia Elétrica da Abrace, Victor Hugo Iocca, os consumidores do Norte foram mais afetados com aumento da tarifa nos últimos anos por causa da ineficiência das distribuidoras locais. Já no Nordeste, apontou ele, a alta é resultado da energia mais cara contratada pelas distribuidoras da região.
O governo promove regularmente leilões onde as usinas oferecem energia que é comprada pelas distribuidoras de acordo com a necessidade para atender à demanda de seus clientes. A cada leilão, porém, os preços variam. Em um ano de estiagem, por exemplo, o custo da energia pode subir muito, o que se reflete na conta de luz paga pelos consumidores.
“No Nordeste, o custo com a contratação de energia aumentou muito, o dobro do Sudeste. Provavelmente o mix de contratação dessas distribuidoras ficou pior”, disse Iocca. O presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, afirmou que a alta acentuada da tarifa de energia desde 2014 deve-se muito ao barateamento feito em 2013 pela ex-presidente Dilma Rousseff. Na época, Dilma renovou concessões de hidrelétricas e transmissoras de energia que, em contrapartida, aceitaram receber tarifas menores pelo serviço prestado. Foi isso que permitiu corte médio de 20% nas contas de luz.
Segundo Sales, o barateamento foi artificial e fez com que a tarifa subisse mais rápido a partir de 2014. Ele apontou que, levando em consideração valores desde 2003, a alta da energia foi menor do que a da inflação.