Cooperativas agropecuárias gaúchas cobram medidas emergenciais para atingidos pela estiagem
A colheita de soja no Rio Grande do Sul está em andamento e em mais um ano ela será frustrada devido à estiagem. Diferentemente do ano passado, essa frustração não será geral porque algumas partes do território gaúcho tiveram uma produção perto do normal. Mas, conforme a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), em algumas regiões, como a das Missões, que é a mais quente do Estado, assim como na Metade Sul, estas perdas passam de 70%.
O presidente da entidade, Paulo Pires, reforça que neste ano, o cenário é agravado ainda pela queda dos preços dos produtos agrícolas. “Temos que entender que a produção e o preço é que fazem a renda do produtor, fazem com que a sua produtividade tenha sucesso ou não”, observa, destacando que os cooperativistas estão mobilizados juntamente com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS) pelo interior. “O cooperativismo não poderia ficar de fora desse movimento. Primeiro porque o pequeno produtor representa a grande maioria dos associados das nossas cooperativas e para o produtor também é fundamental, pois não existe cooperativismo sem a presença dele. E em segundo, não existe viabilidade econômica do pequeno produtor sem as cooperativas. Então, nós entendemos que é uma ligação umbilical muito forte e que sempre temos que estar juntos”, destaca.
Pires também lembra que o governo federal não fez nenhum aceno ainda em relação a questões como, por exemplo, prorrogações de crédito e subvenção de seguro agrícola. “Nós temos já em alguns lugares do Rio Grande do Sul onde a Canola foi plantada, que é uma cultura de inverno, e não temos nem notícia de custeio das culturas de inverno e isso é muito triste. Entendemos que o governo assumiu há pouco tempo, mas precisamos urgentemente de políticas agrícolas claras para combater as consequências da segunda estiagem no Estado. A primeira também não teve atitude do governo federal. Agora está muito mais fácil de atender porque esse ano é só o Rio Grande do Sul que tem problemas. Então precisamos de ações emergenciais que definam as questões de prorrogação de contas, de custeio, investimento e incentivo à irrigação. Não tem sentido não termos incentivo a uma solução que vai mitigar as perdas da estiagem”, ressalta.
Para o presidente da FecoAgro/RS, a questão dos financiamentos dos custeios da cultura de inverno é fundamental, porque o produtor é muito resiliente, ou seja, está saindo de uma situação de dificuldade, mas vira a página e olha para frente. E, para isso, a primeira coisa que ele precisa ter é alguém para financiar a sua lavoura. “Então o produtor hoje quer plantar mesmo com as dificuldades nos custos de produção em relação ao preço pago que diminuiu e, portanto, precisa de mais sacas para fazer a lavoura. Mas, o produtor quer plantar porque é a primeira saída que ele enxerga para a sua frustração nas culturas de verão”, frisa.
Pires avalia que o cooperativismo do Rio Grande do Sul também está imbuído desse propósito de enfrentar e solucionar os efeitos da estiagem e buscar as soluções para os produtores atingidos por ela. “Nós temos que estar juntos, todos os produtores, todas as entidades, para que ações nesse sentido sejam tomadas e que o agro não pare, porque o produtor não pode parar”, finaliza.