Etanol a partir de triticale pode trazer autossuficiência do combustível no estado
O Rio Grande do Sul pode começar a produzir combustível a partir de triticale (cereal híbrido obtido com o cruzamento do trigo e do centeio) em 2020. A novidade é um investimento da Usina Social Inteligente (USI Biorrefinarias), que firmou intenção com o governo do Estado, nesta quinta-feira (9), para instalar uma biorrefinaria em Campo Novo, na região do Celeiro. O projeto é estudado e acompanhado pela Sala do Investidor, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect).
A intenção é instalar uma usina para produção de 100 m³/dia de etanol hidratado carburante a partir de grãos do cereal híbrido em parceria com cooperativas do município em áreas rurais onde não há cultivo de inverno. Além disso, conforme o protocolo assinado, a USI Biorrefinaria produzirá também 46,5 toneladas/dia de ração animal.
Uma vez que o Estado importa todo etanol consumido pelos gaúchos para produção e desenvolvimento, a proposta é mudar essa realidade com uma tecnologia que possibilita a produção a partir do triticale, planta típica do Celeiro.
“Esse é um projeto piloto, que se inicia por Campo Novo, utilizando num primeiro momento uma área de 20 mil hectares de triticale. Acreditamos que este vai ser um projeto modular, onde utilizaremos algo em torno de até 400 mil hectares no futuro, fazendo com que o Rio Grande do Sul se torne autossuficiente na produção de etanol”, projetou o agrônomo e presidente da USI Biorrefinaria, Francisco Mallmann.
Para a secretária Susana Kakuta (Sdect), o trabalho complementa três questões essenciais para o estado: 1) a necessidade de modernizar os setores tradicionais da economia; 2) a autossuficiência energética; e 3) investimento em inovação e oportunidade para o cultivo, que gera emprego e renda. “É um projeto absolutamente novo e isso pode ser que venha a ser replicado em outras regiões para criar mais oportunidades”, afirmou.
O diretor-presidente da Cooperativa Tritícola Mista Campo Novo Ltda (Cotricampo), Gelson Bridi, falou sobre a importância do investimento para os produtores. “Somos nove mil associados e mais de 70% são da agricultura familiar. Por isso, vemos esse projeto como um grande incentivo para toda a região”, disse.
Próximos passos
Conforme a diretoria da empresa, o plano de negócios já foi concluído e os próximos passos são obter a licença ambiental de instalação, estimada para 2019, e de operação, em 2020. O investimento deve ser de R$ 70 milhões. A USI Biorrefinaria também já fechou parceria com uma empresa multinacional norte-americana que ficará responsável pela distribuição do combustível.
Também participaram da reunião o diretor da Sala do Investidor, Adriano Boff; a representante da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Luciana Mendes; e o diretor administrativo da USI, Gilberto Andrés.