Pesquisa sobre coronavírus no Rio Grande do Sul entra na sétima etapa de testes

O próximo fim de semana marcará a sétima rodada do estudo de Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Rio Grande do Sul (Epicovid19-RS). Encomendada pelo governo do Estado à Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a pesquisa irá repetir, entre o sábado (15/8) e a próxima segunda-feira (17/8), a aplicação de testes rápidos e entrevistas de 4.500 pessoas em nove cidades das regiões demográficas do Estado, segundo classificação do IBGE: Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Ijuí, Santa Cruz do Sul e Uruguaiana. O trabalho busca estimar o percentual da população gaúcha que já contraiu o coronavírus.

Os dados mais recentes da pesquisa identificaram que a proporção de habitantes com anticorpos para o coronavírus dobrou no Rio Grande do Sul no intervalo de um mês. O número estimado de pessoas que têm ou já tiveram o coronavírus passou de 55.904 (32.891 a 81.059, pela margem de erro), na última semana de junho, para 108.716 (78.774 a 146.196), na última semana de julho. Esse aumento motivou a coordenação do estudo, em decisão conjunta com o governo do Estado, a antecipar em uma semana a realização da sétima etapa.

“Fazemos um raio X do coronavírus no Estado. É o único estudo populacional no mundo a realizar sete fases de acompanhamento com a população das mesmas cidades”, diz a epidemiologista Mariângela Freitas da Silveira, que integra a coordenação do estudo na UFPel.

“O estudo em solo gaúcho encontrou uma evolução no percentual de casos semelhante à do estudo nacional, em que a prevalência também dobrou no intervalo de um mês. Enquanto o país atingiu 100 mil óbitos nesta semana, o RS tem apresentado aumento do número de casos, internações e mortes, com uma taxa de ocupação de leitos de UTI em geral em torno de 76%. A próxima coleta será muito importante para avaliarmos a realidade dos casos na população e o avanço do coronavírus nas diferentes regiões em relação à etapa anterior”, afirma a epidemiologista.

Em cada município do estudo, a seleção das residências e dos moradores que irão fazer o teste para o coronavírus ocorre por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base. Além do exame, o participante responde a uma breve entrevista sobre ocorrência de sintomas relacionados à Covid-19, busca por assistência médica e rotina das famílias em relação às medidas de distanciamento social.

Coordenadora do Comitê de Dados do governo no enfrentamento da Covid-19, Leany Lemos ressalta que o estudo sobre a prevalência da doença é importante para que se possa monitorar o comportamento da pandemia e a capacidade de atendimento em cada região, mas acima de tudo para alertar a população sobre as medidas de prevenção. “Sempre digo que o vetor dessa doença é o ser humano. Nós somos os vetores, então é justamente os nossos cuidados, o distanciamento, o uso de máscara e evitar aglomerações. É assim que faremos essa contenção”, reforçou Leany Lemos.

Parcerias

A pesquisa tem apoio das secretarias de saúde e dos órgãos de segurança dos municípios e segue todos os protocolos de biossegurança para proteger os entrevistadores e participantes. Em caso de dúvida, os moradores podem entrar em contato com a Guarda Municipal ou Brigada Militar para obter informações sobre as visitas às casas.

O estudo mobiliza 12 universidades públicas e privadas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos); Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc); Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí); Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana); Universidade de Caxias do Sul (UCS); Imed; Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo); Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade La Salle (Unilasalle).

A partir desta rodada, o Banrisul também irá participar do financiamento do estudo, juntamente com a Unimed Porto Alegre, o Instituto Cultural Floresta, também da capital, e o Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro. Os resultados vão ser divulgados por integrantes da coordenação do estudo e do governo estadual cerca de 72 horas após a finalização da coleta de dados.