Cadeia produtiva da moda representa 7,1% do total de empregos formais do RS
Cadeia produtiva que está na raiz da industrialização do Estado e engloba um universo de 32,5 mil empresas responsáveis pela geração de 238 mil postos de trabalho, a indústria da moda segue em papel de destaque na economia do Rio Grande do Sul.
Um estudo inédito sobre o setor elaborado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) mostra que o segmento da chamada economia criativa representava 7,1% do total de postos de trabalho formais e 7,3% das unidades produtivas do Rio Grande do Sul em 2018, além de ser a área de trabalho de 83,05 mil profissionais que atuam como microempreendedores individuais (MEIs).
A divulgação nesta quinta-feira (29/4) da pesquisa A cadeia produtiva da moda no RS: trajetória e tendências, elaborada por Tarson Nuñez, do Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG), dá sequência aos trabalhos desenvolvidos em parceria com a Secretaria da Cultura (Sedac) para subsidiar o RS Criativo, programa criado para fortalecer a economia criativa do Estado. O lançamento ocorreu em evento virtual que contou com a participação da titular da pasta, Beatriz Araujo, da coordenadora do RS Criativo, Carolina Biberg, além de representantes de universidades de moda e dos movimentos MAG Moda Autoral Gaúcha e Fashion Revolution.
“As pesquisas, resultado da parceria da Sedac com a SPPG, têm se mostrado muito profícuas. Estes estudos nos apontam novos cenários, e o RS Criativo tem feito um importante trabalho de mobilização e fomento à economia criativa do setor da moda, reunindo universidades, pensadores, empreendedores e pesquisadores para vislumbrar novos caminhos para o RS”, analisa a secretária Beatriz Araujo.
No documento, Nuñez utilizou como referência os dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do período entre 2006 e 2018 sobre o mercado da cadeia têxtil-vestuário, que inclui as atividades de fiação e tecelagem, de confecções, do setor coureiro-calçadista e do comércio.
“A opção por abordar a cadeia têxtil-vestuário tem a ver com o fato de que ela ocupa um lugar importante na economia gaúcha e é uma atividade intensiva em mão de obra, muito geradora de emprego, e constituída por um grande número de pequenas e médias empresas com ampla capilaridade no território”, explica Nuñez.
Evolução do segmento
Apesar de ocupar um espaço importante na economia gaúcha, a cadeia produtiva têxtil-vestuário tem perdido terreno e segue uma tendência de queda no Rio Grande do Sul e no Brasil nos últimos anos. Entre 2006 e 2018, os dados do IBGE mostram uma redução de 29,2% no número de empresas do setor no Estado, contra -13,7% do registrado no país. Quando se fala no número de postos de trabalho formais, a cadeia perdeu 47.406 vagas no Rio Grande do Sul no período (-16,6%), enquanto no Brasil o percentual cresceu 1,3%.
Com o movimento de queda, a cadeia produtiva viu também reduzir seu peso na economia do Estado. Em 2006 as empresas do setor representavam 10,4% do total e 9,8% dos postos de trabalho formais, caindo para 7,3% e 7,1% em 2018, respectivamente.
Entre as atividades da cadeia produtiva, o setor de Couro e calçados é o que enfrenta situação mais crítica, com a maior redução no número de empresas no RS (-41,8%), percentual próximo ao que o setor teve de queda no número de postos de trabalho formais, com menos 106,66 mil vagas (-35,6%).
Perspectivas e tendências
Visto o cenário desafiador que a cadeia produtiva da moda do Rio Grande do Sul enfrenta no contexto atual, o estudo do DEE/SPGG sinaliza para a adoção de estratégias que passem por um conhecimento mais profundo das tendências do setor em escala global como caminho para reversão do movimento negativo. Segundo o pesquisador, esta perspectiva de queda pode ser alterada se compreendermos as dinâmicas do mercado mundial.
“Desde o início dos anos 2000 há uma demanda crescente dos consumidores em relação aos processos produtivos. As preocupações em relação aos direitos dos trabalhadores e a sustentabilidade ambiental dos processos produtivos são um elemento decisivo para a conquista dos mercados”, avalia Nuñez
Elas se expressam em movimentos como o Fashion Revolution, que defendem o consumo consciente e buscam uma relação diferente entre a indústria da moda, os territórios e as pessoas envolvidas nos processos produtivos e de consumo. A pesquisa aponta um potencial de crescimento para a cadeia da moda no Rio Grande do Sul por meio da incorporação desse novo paradigma.
“As atividades ligadas à cadeia produtiva da moda têm uma presença histórica no Rio Grande do Sul e, apesar do declínio na última década, o seu potencial de crescimento pode ser retomado. Os desafios do século 21 demandam que estratégias sejam substituídas ou complementadas por uma nova visão, por isso é importante compreender as novas tendências dos mercados e as novas demandas dos consumidores”, conclui Nuñez.
RS Criativo
O RS Criativo é um programa da Sedac que busca potencializar a economia criativa no Estado, segmento que inclui setores nos quais a criação de valor tem como base dimensões imateriais como criatividade, cultura, conhecimento e inovação. As características e potencialidades do segmento estão na pauta dos estudos do DEE/SPGG para auxiliar na implementação das políticas no Rio Grande do Sul.
A primeira pesquisa desta análise foi divulgada em dezembro de 2019 e apontou os indicadores de empregos na economia criativa no Estado, no período entre 2006 e 2017. Ao longo de 2020, mais dois materiais sobre o tema foram lançados: um analisou o impacto da cadeia da música e outro destacou o peso do setor editorial na economia do RS.