Sistema Farsul apresenta balanço, crítica MPF e projeta 2022
O Sistema Farsul realizou, nesta quinta-feira (9/12), coletiva para apresentar o balanço de 2021 e projeções para 2022. O encontro, que aconteceu na sede da Federação e teve formato híbrido, serviu para o presidente Gedeão Pereira, apresentar os três principais compromissos para o novo mandato que inicia em 1º de janeiro de 2022: irrigação, questões ambientais e o programa Duas Safras.
Em sua fala de abertura, Gedeão elencou os principais acontecimentos do ano que tiveram a participação do Sistema Farsul, como o status do Rio Grande do Sul de livre de febre aftosa sem vacinação, alteração na legislação sobre uso de agroquímicos no estado e a construção do programa Duas Safras. O presidente abordou também questões relacionados ao mercado internacional, em especial as exportações de carne para a China.
As questões ambientais receberam especial atenção no evento. Gedeão falou da participação da CNA durante a COP 26, realizada em Glasgow, na Escócia. “Estamos preocupados em remover esta imagem negativa criada em cima do agronegócio brasileiro, principalmente pelas questões amazônicas. Ainda que a Amazônia seja um continente, 62 % do território nacional, que por si já traz dificuldades inerentes de como cuidar aquilo que é clandestino. Mas, de qualquer maneira, afeta e muito a imagem da agricultura brasileira pelo fato do país hoje ser uma potência agrícola mundial e temos que ter as responsabilidades a tal tamanho e quanto mais alto o pico, mais fortes os ventos. E temos contrariado bastante alguns países europeus que tem usado como ação as questões ambientais, principalmente da Amazônia, embora os outros biomas, temos dois no Rio Grande do Sul, não nos exime de qualquer responsabilidade na atuação”, declarou.
Gedeão criticou uma campanha realizada pelo Ministério Público Federal contra a utilização de produtos químicos nas lavouras. “Eu tenho absoluta confiança naquilo que estou fazendo. Sou consumidor assim como meus filhos e netos. Não tenho nada contra orgânicos, acho que as pessoas tem a liberdade de produzirem e consumirem o que quiserem eu sinto mais segurança no tratamento químico, do que no tratamento orgânico. É uma apreciação pessoal minha. A campanha é irresponsável porque é impossível para o produtor rural produzir alimentos na quantidade em que está sendo demandado pela humanidade sem a utilização de produtos químicos, que são remédios para as plantas e animais, assim como nós vamos à farmácia comprar remédios. Infelizmente o MPF não entendeu esse processo e não está se abrindo ao diálogo e trata de fazer campanhas que nos parece equivocadas e absolutamente irresponsáveis”, criticou.
O presidente do Sistema Farsul também falou da preocupação com a seca que já começa a atingir as lavouras do Rio Grande do Sul, especialmente do milho. Gedeão destacou que o problema é recorrente no estado. “Há anos que viemos trabalhando a respeito do tema irrigação e lastimavelmente nós não conseguimos evoluir por questões com o Ministério Público Estadual que impetrou uma ação e levou uma liminar que nos impede de fazer reserva de água tanto na metade sul, quanto na metade norte. Embora tenhamos um diálogo hoje mais promissor com o próprio MPE, também temos uma conversa muito íntima com Fepam, Sema e Casa Civil no sentido de tentarmos evoluir, mas o fato é que até agora nós não conseguimos”, informou.
Balanço 2021
O balanço econômico, apresentado pelo economista-Chefe, Antônio da Luz, apontou um aumento de 4,4% na área plantada na safra 2021. “Os grãos que tiveram desempenho superior foram justamente os de inverno, ocupando não novas áreas, mas aquelas já consolidadas no verão e que não são plenamente aproveitadas por não termos uma produção voltada para mercado”, avaliou. O resultado foi um aumento da produção não apenas pela ampliação da área, mas por se tratar de uma comparação com um período anterior com registro de seca.
Para 2022, a projeção é de um aumento de 3,1% na área plantada, também para as culturas de inverno e um crescimento de 1,8% na produção. Atingindo um valor bruto da produção de R$ 77,11 bi.
Luz aproveitou para falar sobre os preços dos alimentos. “Não deveríamos estar nos preocupando do pais ser um emergente e não crescer como um? Estamos empobrecendo cada vez mais em relação ao mundo. A comida cara porque temos uma renda per capta baixa. Para recuperar o ponto onde o mundo estava na pré-pandemia, vamos levar 9,2 anos, quase uma década. O Brasil está ficando para trás”, avaliou.
O economista também aproveitou para fazer a comparação entre os preços aos consumidores e produtores. Primeiro. Ele lembrou que não foram apenas os produtos do agro que tiveram elevação. “Outros produtos cresceram, não vivemos um inflação de alimentos, mas uma inflação”, destacou. Ele usou como exemplo o arroz que teve uma alta de 32% para o consumidor ao longo do ano, enquanto que, para o produtor, houve queda de 31%.
Luz aponta margens espremidas em razão da alta dos custos de produção. “Ano passado foi maravilhoso em questão de preço, subiram mais que os custos. Avisamos que era necessário cuidado, que era um ponto fora da curva. Neste ano passamos a ter uma situação completamente diferente, preços mais baixos e custos maiores”, analisou.
A projeção da Assessoria Econômica da Farsul é que o PIB brasileiro cresça 4,26% em 2021 e 0,31% em 2022. Abaixo do rio Grande do Sul que deve atingir 9,49% em 2021 e 0,58% em 2022, conforme o levantamento.
Senar-RS
O superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, destacou os resultados obtidos pelo programa Deriva Zero. Ele ressaltou que nos últimos três anos, período da atual gestão, grande parte aconteceu durante a pandemia. “Tivemos a capacidade de treinar mais de dez mil pessoas em defensivos agrícolas. Particularmente nos 24 municípios que estavam inicialmente nas novas normas do Governo do Estado. Depois de três anos de trabalho e muita crença de que com o processo educacional e capacitação é capaz de se reverter em resultados já temos diversas notícias, inclusive do próprio governo dando conta das reduções expressivas nos casos de deriva. Portanto, há de se crer que o trabalho feito pelo Senar-RS comprova que o produtor gaúcho está cada vez mais preparado para responder aos anseios da sociedade”, garantiu.
Em 2021, o Senar-RS realizou 21 lives, superando 44 mil visualizações. Também foram realizados 3.915 eventos nas áreas de Formação Profissional Rural, Promoção Social e Programas Especiais. A Assistência Técnica e gerencial (ATeG) atendeu 4.296 produtores. A meta para 2022 é que o número de beneficiados dentro dos segmentos de Agricultura, Agroindústria, Apicultura, Aquicultura, Avicultura, Bovinocultura de Corte, Bovinocultura de Leite, Fruticultura, Olericultura, Ovinocultura e Suinocultura, supere 15 mil produtores.
O Programa Juntos para Competir, parceria entre Farsul, Senar-RS e Sebrae-RS atuou em 2021 em 58 projetos, maior carteira de projetos desde sua criação, beneficiando 4.200 produtores e empresas rurais em todo o Rio Grande do Sul. Nas ações desenvolvidas, destacam-se aquelas relacionadas à tecnologia, gestão e mercado, com o objetivo de promover a estruturação e organização dos principais segmentos produtivos do estado, criar um ambiente de maior competitividade e gerar agregação de valor aos produtos.