Cartórios registram janeiro com o maior número de mortes no Brasil desde 2003

Com base em todas as causas mortis, o Brasil teve o janeiro mais mortal da série histórica, iniciada em 2003, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil, administrados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).

Foram contabilizadas, em janeiro de 2022, 144.341 mortes no país, um aumento de 5% em relação ao primeiro mês do ano passado, que já apresentara um crescimento de 22% comparação com o mesmo período de 2020.

Um dos dados que mais chamaram atenção foi o aumento de mais de 70% das mortes causadas por pneumonia. Foram 21.718 óbitos em decorrência da doença em janeiro deste ano, frente a 12.745 em janeiro do ano passado. Em 2020, antes da pandemia, foram contabilizadas 15.484 mortes por essa causa.

A Arpen também registrou aumento de mortes por doenças de coração em janeiro de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os óbitos por AVC cresceram 20%, por infarto 17% e por causas cardiovasculares não especificadas 19%.

Um recente estudo publicado na última semana por cientistas da Universidade de Washington, nos EUA, no periódico científico Nature, mostrou que a Covid 19 aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, mesmo para aqueles que apresentaram apenas sintomas leves da doença.

Também houve aumento nas mortes por septicemia (23%), síndrome respiratória aguda grave (9%) e por causas indeterminadas (9%). Em compensação, as mortes por Covid-19 tiveram redução de 55% no período.

O presidente da Arpen, Gustavo Renato Fiscarelli disse que apesar de aparentemente menos letal neste momento, a Covid-19 pode gerar outros efeitos adversos ainda desconhecidos.

“Os números dos cartórios de registro civil mostram mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população brasileira. Embora haja uma diminuição clara nos óbitos por Covid-19, ainda não se conhecem todos os efeitos das novas variantes, em especial da Ômicron, que parece ser a causa do crescimento de óbitos de outras doenças, como a pneumonia, doenças do coração e septicemia”, explicou.

Outro dado divulgado mostrou um aumento de 81% no número de mortes por causas violentas (acidentes e crimes) na comparação com janeiro do ano passado. Um sinal, diz a Arpen, que mostra a redução do isolamento social.

Em janeiro de 2021, por exemplo, houve queda de 73% das mortes por causas violentas na comparação com janeiro de 2020, quando não havia medidas restritivas em vigor.

A Arpen, no entanto, destaca que o número referente a janeiro deste ano pode ser ainda mais alto. Isto porque o prazo para registro de óbitos no portal é de até 15 dias. Portanto, os dados de mortes no período serão consolidados apenas nesta terça-feira (15).

 

 

fonte CNN Brasil