CDL lança indicador de inadimplência dos consumidores gaúchos

O Núcleo Econômico da CDL POA lança um novo indicador que mede mensalmente a inadimplência dos consumidores do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre. O Indicador de Inadimplência CDL POA, cujo levantamento iniciou em fevereiro, mostra a parcela de pessoas físicas com algum tipo de restrição a crédito, cheque ou protesto. Todos os dados são extraídos da base de informações restritivas da Boa Vista, o SCPC – a mais completa do Rio Grande do Sul.

Para o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o Indicador de Inadimplência CDL POA é relevante para a construção de análises e cenários econômicos. “O nosso compromisso é de divulgar as estatísticas e sua respectiva relação com a conjuntura e as perspectivas para o futuro de forma continuada. Calculamos também quantas pessoas estão com dívidas em atraso (número absoluto), além de outras questões como: probabilidade de inadimplemento nos próximos seis meses, faixa etária e renda presumida”, resume o economista.

O estabelecimento de um índice próprio é um marco na história da CDL POA, avalia o presidente, Irio Piva. “O Indicador de Inadimplência CDL POA será divulgado mensalmente e assinala um novo momento da Entidade, que vem sendo construído ao longo dos últimos anos. O Banco de Dados do SCPC e Boa Vista, do qual somos parceiros desde sua criação, é o mais completo do RS e estamos utilizando isso a favor da inteligência de dados para ajudar o empresariado a tomar as melhores decisões”, destaca Piva.

Em maio, o percentual de pessoas físicas com algum tipo de restrição em crédito, cheque ou protesto somou 29,0% no RS e 31,3% em Porto Alegre, de modo que ambos os números superaram o total nacional de 28%. As estimativas sinalizam que a população adulta (acima de 18 anos) inserida nessa condição é de 2,598 milhões no Estado e de 365 mil na capital gaúcha.

Renda presumida mensal das pessoas com restrição – Rio Grande do Sul:

De R$ 1.001 a R$ 1.401: 37,7%;

De R$ 1.401 a R$ 2.000: 15,8%;

De R$ 2.001 a R$ 3.000: 8,5%;

De R$ 3.001 a R$ 3.500: 22,1%;

De R$ 3.501 a R$ 4.000: 3,3%;

De R$ 4.001 a R$ 5.000: 11,9%;

De R$ 5.001 a R$ 7.000: 0,3%;

Mais da metade (53,5%), portanto, ganha menos do que dois Salários Mínimos.

De acordo com o economista, os últimos dados mostram uma interrupção da tendência de crescimento verificada para o RS recentemente. “Entendemos que a razão que ajuda a explicar o fenômeno diz respeito à liberação de recursos decorrente do Programa Renda e Oportunidade do governo federal. Assim sendo, duas das políticas principais – adiantamento do 13º de aposentados e pensionistas do INSS e autorização do saque parcial do FGTS – começaram a vigorar a partir do fim de abril”, destaca Frank.

Análise do Cenário Econômico

Como perspectivas para o futuro, o Núcleo Econômico da CDL POA analisa que as medidas de injeção de liquidez provenientes da União devem continuar surtindo efeito no curtíssimo prazo. Além disso, a recuperação dos segmentos não essenciais após o pior momento da COVID-19 e a robustez da retomada da ocupação constituem fatores positivos.

No entanto, o cenário prospectivo para o segundo semestre é negativo, por conta da deterioração do balanço financeiro das famílias. Em primeiro lugar, a inflação segue pressionada, o que retira poder de compra dos salários dos trabalhadores. Por sua vez, o ciclo de elevação da Taxa SELIC ainda não acabou, de modo que o balizador dos juros de diversas linhas de empréstimo atingirá patamar inédito desde 2015-2016. Vale destacar também a permanência da dificuldade relatada pelos empresários no acesso a insumos e suprimentos, o que contribui para gerar repasses de custos até a ponta final e, da mesma forma, impede uma aceleração da criação de vagas de emprego. O conflito entre Rússia e Ucrânia e os lockdowns na China representam elementos adicionais de preocupação, em função dos seus impactos sobre o encarecimento dos preços.