‘Cometa do Diabo’ poderá ser visto em todo o Brasil a partir de 21 de abril
O 12P/Pons-Brooks é um cometa periódico do tipo Halley que foi descoberto pela primeira vez em 1812, por Jean-Louis Pons, e redescoberto de forma independente em 1883, por William Robert Brooks. O “Cometa do Diabo” demora aproximadamente 71,3 anos para completar uma volta em torno do Sol. De acordo com o astrônomo Dr. Filipe Monteiro, pós-doc do Observatório Nacional, os cometas do tipo Halley são cometas periódicos com um período orbital entre 20 e 200 anos. Isto difere dos cometas de longo período, cujas órbitas podem durar milhares de anos.
No dia 21 de abril o Cometa do Diabo deverá se tornar mais visível no Hemisfério Sul, uma vez que atingirá a sua máxima aproximação ao Sol, momento cientificamente denominado por periélio. No entanto, desde o dia 7 de abril, observadores na região Nordeste do Brasil já têm conseguido fazer registros da passagem do cometa. Isso acontece porque os Estados mais ao Norte verão o cometa primeiramente no céu.
Como destaca Monteiro, não é possível atestar se o cometa poderá ser visto a olho nu, dado que a intensidade do brilho desses objetos podem ser imprevisíveis. Por isso, é possível que haja a necessidade de fazer uso de outros instrumentos, tais como binóculos e telescópios. Além disso, o astrônomo ressalta que no dia 23 de abril teremos Lua cheia e, por isso, a observação do cometa pode ficar mais difícil, uma vez que o brilho da lua atrapalha a observação da maior parte dos alvos astronômicos. Assim, a visibilidade do cometa ficará mais interessante para os observadores algumas noites antes e após a lua cheia.
“Os observadores deverão olhar para o horizonte oeste, na mesma direção do pôr do sol, para ver o cometa. O cometa está visível logo após o pôr do sol, primeiramente abaixo da constelação de Touro, e a partir de maio, abaixo da constelação de Órion, sempre entre 17h40 e 18h30. A maior dificuldade será encontrar um lugar com o horizonte oeste livre, visto que o cometa está muito baixo no céu, numa altura de cerca de 15 graus”, pontua o astrônomo.
Monteiro destaca que alguns dias antes do periélio, o cometa 12P estará perto do planeta Júpiter, favorecendo a localização e também compondo um momento único. Enquanto no dia 21 de abril o cometa estará mais próximo ao Sol, no dia 02 de junho ele fará sua máxima aproximação com a Terra. Contudo sua visibilidade estará mais fraca e dependerá do auxílio de binóculos para ser observado.
O que são cometas?
Os cometas são objetos feitos principalmente de gases congelados, rocha e poeira. Eles se tornam ativos à medida que se aproximam do Sol. Isso porque o calor do astro aquece o cometa de forma rápida, fazendo com que seu gelo se transforme em gás. Neste processo de sublimação, forma-se uma nuvem ao redor do cometa conhecida como “ coma ”.
Por que Cometa do Diabo?
Essa denominação surgiu a partir de uma observação do cometa em 20 de julho de 2023, realizada pelo astrônomo Elek Tamás, do Observatório Harsona na Hungria.
“O astrônomo percebeu que o cometa estava consideravelmente mais brilhante, pois provavelmente havia sofrido alguma explosão ou outburst, isto é, uma liberação de gás e poeira de forma inesperada que fez com que o seu brilho aumentasse bastante. Essa explosão cometária também distorceu a coma em forma de ferradura ou chifres e, por isso, muitos meios de comunicação apelidaram o objeto de Cometa do Diabo”, esclarece Monteiro.
Uma outra curiosidade sobre o cometa se relaciona à sua aparência: sua forma levou as pessoas a compará-lo à icônica nave Millennium Falcon da franquia Star Wars. Por conta disto, uma série de astrônomos estão investigando as possíveis causas da formação dos “chifres”.
Uma das hipóteses, por exemplo, é a de que o cometa esteja expelindo gás e poeira de forma desigual. Talvez haja uma área da superfície que não está liberando vapor, enquanto as áreas de cada lado estão sublimando gelos. Ou talvez seja um efeito de sombra, onde material mais denso ou até a topografia no centro do cometa parece bloquear parte do material brilhante atrás dele do nosso ponto de vista.