44% dos brasileiros tem contas em atraso, aponta pesquisa

O cenário econômico do país está tirando o sono da população brasileira. Ondas de inflação, altas taxas de desemprego e o endividamento afligem cada dia mais.  Neste contexto de incertezas e dificuldades a análise da saúde financeira dos brasileiros torna-se ainda mais crucial. A Hibou, empresa de pesquisa, monitoramento e  insights de consumo, apresenta os resultados de sua mais recente pesquisa sobre o comportamento financeiro da população. Realizada entre os dias 18 e 21 de maio de 2024, a pesquisa entrevistou mais de 1.600 pessoas de diferentes classes sociais e regiões do Brasil, com margem de erro de 2,3% e um intervalo de confiança de 95%.

“O atual panorama econômico do Brasil tem sido uma montanha-russa para a população, refletindo-se nos números alarmantes de endividamento e nas dificuldades financeiras enfrentadas pelas famílias. Esta pesquisa revela não apenas os desafios que os brasileiros estão enfrentando, mas também a necessidade urgente de compreender e abordar essas questões com medidas eficazes.” explica Ligia Mello, CEO da Hibou e coordenadora da pesquisa.

Pela pesquisa, 33% dos brasileiros afirmam ter tido uma redução de renda em casa, enquanto 10% reportaram ter se afundado ainda mais em dívidas. Outros 10% indicam que alguém em casa perdeu o emprego no último ano. Por outro lado, 5% conseguiram aumentar a renda familiar, e 8% estão conseguindo se capitalizar novamente.

CONTAS EM ATRASO

Entre as contas que estão em atraso, o vilão número um é o cartão de crédito que lidera com 51%, seguido por boletos em geral (30%), contas de concessionárias (26%), IPTU (21%), cheque especial (18%), parcelas de empréstimo (17%), IPVA (15%), financiamento (10%), condomínio (5%) e aluguel (4%).

A necessidade de recorrer a empréstimos é uma alternativa ‘’salgada’’ em juros, porém bastante procurada: 41% dos entrevistados buscaram ou tentaram pegar dinheiro emprestado nos últimos 12 meses. Destes, 51% recorreram a bancos, 41% a empréstimos consignados, 21% a cartões de crédito, 18% a familiares, 11% a financeiras que operam por aplicativo, e 8% a amigos. Agiotas e empréstimos informais foram a opção para 5%, assim como quem recorreu a adiantamentos de salário.

Infelizmente itens básicos são os que mais pesam hoje no bolso do brasileiro. Liderando o ranking: medicamentos de farmácia (45%),seguido por plano de saúde (37%), carnes (33%) e combustível (32%). Além disso, manutenção de carros (21%), legumes e verduras (20%), cesta básica (19%), aluguel (15%), grãos (12%), produtos de limpeza (12%), laticínios (12%), escola (8%) e vestuário (7%) também foram citados.

“Observamos uma correlação direta entre os principais itens de endividamento e os gastos mais pesados no orçamento familiar. A alta incidência de contas em atraso, especialmente relacionadas a cartões de crédito e despesas básicas como medicamentos e alimentos, evidencia as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros para equilibrar suas finanças diante das adversidades econômicas.” diz Ligia Mello.

MENOS COMPRAS

Para conter gastos, 49% dos brasileiros reduziram a quantidade ou o volume de itens comprados mensalmente. Outros 46% deixaram de colocar alguns itens no carrinho de compras, 44% substituíram marcas ou cortes por opções mais baratas, e 40% reduziram pedidos de delivery.

Já 35% dos brasileiros deixaram de frequentar cabeleireiros e manicures, 19% cancelaram assinaturas, 14% reduziram a frequência de faxineiras, 12% venderam itens usados, 11% cancelaram atividades extracurriculares, 11% reduziram o uso do carro particular, e 10% reciclaram itens em casa. Apenas 1% mudou os filhos de escola.

Um total de 16% afirmam estar menos endividados do que no início do ano, enquanto 22% estão mais endividados e 28% permanecem igualmente endividados. No que se refere aos gastos com cartão de crédito, 35% dizem que os gastos estão maiores, 39% mantêm os mesmos níveis, e 26% conseguiram reduzir os gastos.

Na busca por melhores preços, 94% dos brasileiros comparam preços ao fazer compras no supermercado. Destes, 44% fracionam suas compras em diferentes mercados ao longo do mês. Outros 29% compram no mesmo mercado, comparando os preços entre marcas favoritas, 21% dividem as compras mensais em dois mercados e 6% compram tudo no mesmo lugar e marca preferida.

A pesquisa ainda revela que 94% dos brasileiros compararam preços nas compras em supermercados, destes  32% utilizariam um aplicativo para comparar preços de produtos ao escanear códigos de barras, enquanto 24% usariam o app se fosse mais simples, 24% não usariam e 20% precisariam de mais informações para decidir.