Mais de 91 mil crianças foram registradas sem o nome do pai no Brasil só neste ano

De janeiro deste ano até a última sexta-feira (19), 91.643 crianças foram registradas no Brasil apenas com o nome da mãe na certidão de nascimento. Por dia, são cerca de 460 registros sem a identificação da paternidade. Os dados estão dispostos no Portal da Transparência, da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).

A quantidade é menor que a registrada no mesmo período do ano passado (97.299). Entretanto, ao contabilizar desde o início do levantamento, em 2016, a quantidade de filhos de pais ausentes sobe para 1.283.751 em todo o Brasil. Em 2023, dos 2,5 milhões nascidos no Brasil, 172,2 mil deles têm pais ausentes — quantidade 5% maior do que o registrado em 2022, de 162,8 mil. Os dados são da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) obtidos por meio do Portal da Transparência do Registro Civil.

Na comparação entre regiões, com os dados dos últimos oito anos, a maior quantidade de pais ausentes se concentra na região Sudeste, com 455.723. Na sequência está a região Nordeste com 382.241 crianças registradas sem o nome do pai. Em terceiro, está o Norte com 187.857.

Embora o levantamento tenha números somente dos últimos anos, a ausência paterna é um problema antigo e não se limita à falta de um nome na certidão de nascimento; ela também pode causar traumas de rejeição. Para combater essa realidade, o Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege) promove desde 2022 a campanha nacional “Meu Pai Tem Nome”, que tem como objetivo reduzir o número de casos de filhos e filhas com pais ausentes.

Com o apoio das Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal, estão sendo feitas ações para reconhecimento de paternidade, de exames de DNA e atividades de educação em direitos, em uma programação voltada à efetivação do direito fundamental de filiação. De acordo com o presidente do Condege, Oleno Matos, a ação é fundamental para que a população possa ter acesso aos seus direitos básicos por meio das Defensorias Públicas brasileiras.

“Uma documentação pessoal, com nome de pai e mãe, pode sim fazer a diferença na vida do assistido. Desde uma criança, até um idoso, a falta do nome de um pai pode causar constrangimentos e a ação vem para sanar isso para os interessados”, afirma.

O projeto nacional “Meu Pai Tem Nome” será realizado este ano no dia 17 de agosto, em alusão ao mês dos pais. A data é celebrada no dia 11 de agosto. Para participar da iniciativa, a pessoa interessada deve procurar a Defensoria Pública do seu estado e Distrito Federal.

 

 

 

Fonte O Sul