Criação de empregos formais de janeiro a julho supera o total de 2023, diz ministro do Trabalho

A geração de vagas formais de trabalho no acumulado de janeiro a julho de 2024 já superou o número registrado em todo o ano passado, afirmou o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que aproveitou para criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que tem dito que o mercado de trabalho aquecido preocupa por causa do efeito sobre a inflação.

Marinho evitou revelar o número exato do saldo positivo entre demissões e a admissões, registrados no Caged, o cadastro do ministério. Os números serão formalmente divulgados nesta quarta-feira (28), segundo o ministro, que fez um discurso na abertura de um seminário na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.

A estimativa do ministério, de abertura de 2 milhões de postos neste ano, está mantida, disse Marinho após a abertura do evento, mas o ministro ressaltou que o ritmo de geração de empregos poderá não se manter em 2025 se os juros continuarem elevados.

Em 2023, o Caged registrou a abertura de 1,483 milhão de postos, uma queda de 27% em relação ao saldo positivo de 2022. No primeiro semestre deste ano, o saldo positivo ficou em 1,3 milhão, ou seja, é possível inferir que, em julho, foram geradas, pelo menos, em torno de 183 mil vagas, o necessário para superar o registrado em 2023.

Segundo Marinho, a indústria foi destaque na geração de empregos. No acumulado de janeiro a julho, o saldo positivo de postos de trabalho no setor industrial também superou o total registrado em todo o ano passado, disse o ministro.

“O mercado está aquecido, graças a Deus, claro, mas graças ao projeto liderado pelo presidente Lula”, afirmou Marinho.

Além disso, o mercado de trabalho do Rio Grande do Sul já mostrou dados de recuperação, após as enchentes que atingiram em cheio a economia local, entre abril e maio. Segundo Marinho, houve saldo positivo entre demissões e admissões no estado, após déficits em maio e junho.

“O caminhão de dinheiro que o presidente Lula colocou lá (no Rio Grande do Sul) já tem resultado”, afirmou o ministro, ressaltando a “visão” de “socorrer quem precisa ser socorrido na hora certa”.

Após adiantar os números positivos do Caged, o ministro “chamou a atenção ao BC”:

“Isso não pode ser pretexto para falar de aumento de juros. O Banco Central precisa aprender que combater a inflação não tem só um jeito, que é o jeito de restrição de crédito e aumento de juros. Controla-se a inflação também com oferta, com mais produção.”

Embora tenha ressaltado que não é economista, Marinho disse que “se aprende na vida”, para sustentar que é possível controlar a inflação por meio de incentivos à ampliação da oferta na economia:

“Vimos, nos primeiros governos Lula, que controlamos a inflação com mais produção.”

Questionado, após a abertura do evento, sobre a perspectiva de que o BC volte a aumentar a taxa básica de juros (Selic, hoje em 10,5%), sinalizada nas estimativas de analistas captadas pelo Boletim Focus, o ministro voltou a criticar a política de juros comandada por Campos Neto:

“Veria com uma grande preocupação e enxergaria com uma grande irresponsabilidade o BC aumentar os juros hoje. O juro do Brasil não é alto, é o segundo mais alto do mundo. Então, não há qualquer justificativa para aumentar os juros, muito pelo contrário, precisamos baixar os juros. Aumentar os juros significa sangrar o Orçamento público, piorar as contas públicas e não ajudar.”