Casos confirmados de dengue no RS já é cinco vezes maior do que em 2023; mortes aumentam 420%

O cenário da dengue em 2024 no Rio Grande do Sul é considerado preocupante pelo ritmo de aumento no número de casos confirmados, que já é o maior da série histórica iniciada em 2015. Até  quarta-feira (16), foram 195.769 confirmações, cinco vezes maior do que o registrado em todo o ano de 2023, com 38.743, conforme painel da Secretaria Estadual de Saúde.

— A nossa curva de 2024 está muito acima do limite superior endêmico, que a gente fala. Não teve nenhuma semana que o número de casos, a taxa de incidência, entrou dentro desse canal, esteve sempre acimaEmbora a gente tenha um decréscimo nos meses de maior frio, a gente teve uma consistência de casos confirmados em todas as semanas — analisa a chefe da divisão de Vigilância Epidemiológica do Estado, Roberta Vanacôr.

O Estado registrou, desde janeiro até o início da tarde desta quarta, 281 óbitos por dengue em 79 municípios. Isso indica um acréscimo de aproximadamente 420% em relação a 2023, quando foram 54 vítimas pela doença. Conforme Roberta, um plano de contingência está sendo elaborado e será apresentado até o final deste mês.

— Ele vai trazer diretrizes para que o Estado possa se organizar de uma maneira efetiva, tanto com as medidas de controle e prevenção ambientais, tendo em vista que a gente teve um momento difícil de incidente climático, com altos volumes de chuva em um curto espaço de tempo, e a gente sabe que pode ter havido a formação de novos criadouros do mosquito — adianta.

Quase 95% do território infestado

Atualmente, 471 municípios estão infestados pelo mosquito Aedes Aegypti, o que corresponde a quase 95% do território gaúcho.

Desde 2022, houve uma mudança no perfil epidemiológico do Rio Grande do Sul. A enchente de maio e as mudanças climáticas, que trouxeram a elevação da temperaturas nos meses mais frios, são pontos de atenção, pois favorecem o ciclo de vida do Aedes aegypti. 

Com um ambiente mais propício, os casos seguiram sendo confirmados mesmo nos períodos que antes apresentavam redução, por tornar o ambiente menos propício para a transmissão.

— A gente tem uma preocupação muito grande com relação ao número de casos e óbitos que a gente venha a ter em 2025. A gente sabe que a dengue é uma doença que veio para ficar — alerta Roberta.

Ações necessárias

A conscientização da população também é decisiva. Como o mosquito pode se alojar dentro das casas, consegue resistir às baixas temperaturas, algo que também aconteceu em 2023, segundo Roberta. Por isso, ela aponta que não se fala mais em sazonalidade da doença. Cuidados com vasos de plantas, ralos descobertos fora de uso e até tampas de garrafas com água podem ser focos para larvas do mosquito.

— Por isso os municípios precisam estar atentos e com as medidas de controle do vetor implementadas durante todos os meses do ano, intensificando essas medidas, obviamente, quando tem um aumento da temperatura — salienta a chefe da divisão de Vigilância Epidemiológica do Estado.

Roberta enfatiza a importância de os municípios implementarem ações de monitoramento e controle, que a Vigilância Epidemiológica esteja atenta à taxa de incidência, e que a rede assistencial se organize para fazer detecção dos sintomas, assim como a população, que deve procurar atendimento médico logo que identificar os sintomas

Quais cuidados devo ter em caso de suspeita da doença?

  • tomar água potável para manter a hidratação;
  • revisar interna e externamente as áreas da residência, ao menos uma vez por semana, colocando fora objetos que acumulem água;
  • procurar um serviço de saúde diante das manifestações dos primeiros sintomas compatíveis com dengue e na ocorrência de sinais de alarme;
  • usar repelente para maior proteção.

Atenção para seguintes sintomas:

  • dor abdominal intensa e contínua
  • vômitos persistentes ou recorrentes
  • sangramento de mucosas (nariz/gengivas)
  • sangramento menstrual intenso
  • tonturas ou sensação de desmaio
  • sonolência excessiva ou irritabilidade
  • diminuição da produção de urina
  • pele pálida, fria e úmida
  • dificuldade respiratória
  • dor no peito ou dificuldade para respirar

Fonte Diário Gaúcho