Brasil avança na proteção animal com ações multissetoriais e atuação integrada
A questão ambiental é uma das prioridades do governo desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com abordagens multissetoriais, as iniciativas para a proteção dos animais abrangem tanto os animais domésticos quanto a fauna silvestre e reforçam o compromisso com a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente.
No início da gestão, em janeiro de 2023, a criação da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais e do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais (DPDA), no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, introduziu uma nova etapa no reconhecimento de direitos aos animais.
O DPDA desempenha um papel central na coordenação de interações nacionais e internacionais, estabelecendo diretrizes e monitorando ações de proteção da fauna. Além disso, o departamento subsidia acordos internacionais, promove boas práticas e a cultura de proteção animal, e propõe normas relacionadas ao bem-estar dos bichos.
“O Governo Federal está fazendo uma revolução na forma como tratamos os animais. As pessoas amam seus animais e os consideram como membros da família, e o governo entendeu o recado e está trabalhando seriamente para atender”, destacou Vanessa Negrini, diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais do MMA.
ARTICULAÇÃO — A atuação envolve estreita articulação com órgãos do Poder Público federal, a sociedade civil e entidades locais, facilitando a interlocução com estados, o Distrito Federal e municípios. A colaboração é considerada crucial para a coordenação de diretrizes e acompanhamento do desenvolvimento de iniciativas ligadas à proteção da fauna, incluindo a disseminação de boas práticas em defesa de animais domésticos, domesticados e selvagens, e a garantia dos direitos animais.
Entre as principais ações estratégicas do departamento estão:
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Programa Nacional de Proteção e Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos
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Sistema Nacional de Identificação de Controle de Animais Domésticos
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Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa com Animais,
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Enfrentamento de emergências zoossanitárias
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Revisão de normas protetivas da fauna
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Promoção da diversificação de fontes proteicas com ênfase em fontes vegetais
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Iniciativas para qualificação de gestores e do público em geral
PATA — Lançado em outubro de 2024, o Plano de Transporte Aéreo de Animais (Pata) é um conjunto de medidas, com padrão internacional e alinhado com outros 45 países, para aumentar a segurança e o conforto de animais domésticos em viagens aéreas. O plano, coordenado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, contou com a contribuição de nove órgãos governamentais, entidades de proteção animal, companhias aéreas e sociedade civil.
Uma das principais medidas é a oferta de serviços veterinários para emergências, garantindo que os animais recebam assistência adequada quando necessário. Outro ponto é o dispositivo técnico que permite a rastreabilidade dos pets e que prevê a identificação e o acompanhamento de todas as etapas do transporte aéreo, desde o embarque até o desembarque, seja por câmeras, tecnologia de localização e aplicativos de monitoramento, entre outros.
DIREITOS — A lei que proíbe o uso de animais em pesquisa, desenvolvimento e controle de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes foi uma das conquistas da gestão do presidente Lula. A resolução proíbe o uso de animais vertebrados nos casos em que os ingredientes e compostos já tenham segurança e eficácia comprovada cientificamente. Nas situações em que as fórmulas sejam novas e não tenham evidência de segurança ou eficácia, a norma estabelece a obrigatoriedade do uso de métodos alternativos (que substituem, reduzem ou refinam o uso de animais) reconhecidos pelo Concea.
INVENTÁRIO — A lei que estabelece o “Inventário Nacional de Substâncias Químicas” também entrou em vigor no país, e restringe os testes em animais, colocando-os como último recurso na avaliação de perigo e risco de substâncias químicas. Novos testes só poderão ser realizados após esgotadas todas as possibilidades de métodos alternativos.
CLONAGEM — O presidente Lula sancionou, ainda, a lei que dispõe sobre o controle de material genético animal e sobre a obtenção e fornecimento de clones de animais domésticos destinados à produção de animais domésticos de interesse zootécnico. Em um marco para a zootecnia brasileira, a sanção regula o controle e a fiscalização da produção, manipulação, importação, exportação e comercialização de material genético animal e clones de animais domésticos de interesse zootécnico, como bovinos, caprinos e aves. A nova legislação define termos essenciais como clonagem e material genético, e estabelece que a fiscalização será realizada pelo Poder Público federal, abrangendo aspectos higiênico-sanitários, de segurança e de desempenho produtivo em diversos locais, incluindo laboratórios e portos.
A medida determina que apenas fornecedores registrados no órgão competente do Poder Público federal podem desenvolver atividades relacionadas ao material genético animal e clones de animais domésticos de interesse zootécnico, com controle oficial dos animais doadores. A supervisão e a emissão de certificados serão de responsabilidade dos serviços veterinários oficiais.
TRÁFICO DE ANIMAIS — A intensificação da fiscalização contra o tráfico de animais junto com o Ibama e outros órgãos também se tornou prioridade, alinhada às metas de conservação ambiental e o combate à criminalidade. Para proteger o boto cor-de-rosa, em risco de extinção, a pesca, armazenagem e comercialização da espécie Calophysus macropterus, conhecida popularmente como piracatinga, foi proibida em todo o território nacional. A piracatinga é abundante na Bacia Amazônica. A técnica de pesca mais difundida, porém, usa carne de boto como isca. Dessa forma, quanto mais pescada, mais o boto cor-de-rosa é abatido.Outra medida logo no início da gestão foi a revogação de normas que facilitavam o acesso a armas e munições para caçadores, com o intuito de diminuir a caça ilegal de animais silvestres.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL — Para a diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais do MMA, a cooperação internacional é imprescindível para a repatriação de animais traficados e para desmantelar redes criminosas transnacionais.
A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Untoc, na sigla em inglês) adotou resolução que reforça medidas de prevenção e combate a crimes ambientais. A iniciativa propõe a criação de um grupo de especialistas dedicados ao tema e pede que os países adotem medidas mais eficazes contra ilícitos ambientais, como congelamento e confisco de bens.
“Isso representa mais segurança para espécies icônicas, como as ararinhas-azuis e os micos-leões-dourados, que agora contam com um apoio global mais robusto. Internamente, nossas forças de segurança e fiscalização — como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal — atuam de forma integrada nesse enfrentamento. Todos os anos, cerca de 60 mil animais silvestres são apreendidos antes de serem traficados, e em 2023 conseguimos reabilitar e devolver mais de 40 mil animais à natureza”, disse.
Na visão de Vanessa Negrini, os crimes transnacionais contra a fauna e flora não são apenas ataques ao meio ambiente: eles representam graves ameaças ao equilíbrio ecológico, à saúde pública e à segurança nacional. “Cada espécie traficada e cada área de floresta destruída enfraquece os esforços globais de conservação, aumenta os riscos de novas pandemias e gera instabilidade econômica”, ressaltou.
“Além disso, os crimes contra espécies selvagens estão conectados com outras atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro, devido ao caráter lucrativo e transnacional dessas operações. O enfrentamento ao tráfico de animais é uma questão prioritária, que exige não apenas a aplicação de leis rígidas, mas também ações coordenadas em nível global e nacional para proteger nossas espécies e preservar o futuro do planeta”, resumiu.
RIO GRANDE DO SUL — Durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o Governo Federal demonstrou empenho não apenas em salvar vidas humanas, mas em proteger os animais. Em atuação com ONGs e entidades, equipes resgataram mais de 15 mil animais domésticos em áreas alagadas, garantindo abrigo temporário, assistência veterinária e distribuição de mais de 188 mil toneladas de insumos.
Os kits continham medicamentos de pronto atendimento, antibióticos, anti-inflamatórios, vermífugos, carrapaticidas, testes de doenças, suplementação alimentar e microchips para identificação e “durante as enchentes, 69 municípios foram beneficiados com recursos para a compra de ração, medicamentos, microchipagens, castrações e provisão de abrigos para os animais afetados, num total de R$ 5 milhões”, pontuou Vanessa.